Jorge Vasconcellos - CORREIO BRAZILIENSE
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse, nesta quarta-feira (8/9), que é hora de dar um "basta" na escalada da crise entre o Executivo e o Judiciário. O parlamentar fez um pronunciamento um dia depois das manifestações pró-governo e das novas ameaças do presidente Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Em um recado ao chefe do governo, o deputado afirmou que "bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade".
"O Brasil que vê a gasolina chegar a R$ 7, o dólar valorizado em excesso e a redução de expectativas. Uma crise que, infelizmente, é superdimensionada pelas redes sociais, que apesar de amplificar a democracia estimula incitações e excessos", disse o presidente da Câmara.
Aliado do Planalto, Lira tem sofrido cada vez mais pressões, à medida que Bolsonaro intensifica a ofensiva contra o STF. Como presidente da Câmara, cabe a ele autorizar a tramitação de pedidos de impeachment contra o chefe do Executivo, que, durante as manifestações do 7 de Setembro, voltou ameaçar o Supremo e disse que não aceitará as decisões do ministro Alexandre de Moraes, membro da Corte.
"Diante dos acontecimentos de ontem, quando abrimos as comemorações de 200 anos como nação livre e independente, não vejo como possamos ter ainda mais espaço para radicalismo e excessos", afirmou o deputado.
Ele disse também que "a Câmara não parou diante de crises que só fazem o Brasil perder tempo, perder vidas e perder oportunidades de progredir, de ser mais justo e de construir uma nação melhor para todos".
Lira ainda criticou a insistência de Bolsonaro em ameaçar a realização das eleições de 2022 para pressionar pela adoção do voto impresso. O deputado afirmou que a questão está superada desde que o plenário da Câmara rejeitou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que previa a impressão do voto registrado na urna eletrônica.
"Os Poderes têm delimitações — o tal quadrado, que deve circunscrever seu raio de atuação. Isso define respeito e harmonia. Não posso admitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas — como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página. Assim como também vou seguir defendendo o direito dos parlamentares à livre expressão — e a nossa prerrogativa de puni-los internamente se a Casa com sua soberania e independência entender que cruzaram a linha", disse o presidente da Câmara, reafirmando que a Casa é a ponte do diálogo entre os Poderes.
"E é este papel que queremos desempenhar agora. A Câmara dos Deputados está aberta a conversas e negociações para serenarmos. Para que todos possamos nos voltar ao Brasil real que sofre com o preço do gás, por exemplo", disse o deputado, frisando que, "na discórdia, todos perdem, mas o Brasil e a nossa história têm ainda mais o que perder".
O parlamentar disse também que as eleições do próximo ano estão asseguradas pela Constituição. "Por fim, vale lembrar que temos a nossa Constituição, que jamais será rasgada. O único compromisso inadiável e inquestionável que temos em nosso calendário está marcado para 3 de outubro de 2022, com as urnas eletrônicas. São nas cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo expressa sua soberania", disse. "Que até lá tenhamos todos, serenidade e respeito às leis, à ordem e, principalmente, à terra que todos nós amamos".
Ainda não há comentários.
Veja mais:
Vice-governador promete fortalecer agro e avançar em investimentos
PC confirma prisão de casal suspeito de torturar crianças
Governo de MT destaca programa SER Família Habitação
Senador Wellington Fagundes assina CPMI da Vaza Toga
Tribunal de Justiça de Mato Grosso alerta sobre golpe do pharming
Inteligência artificial ameaça aprendizado da escrita, alerta autor
MPF alerta que irá acompanhar demarcação da Aldeia Tsõreprè
Em 40 anos, Amazônia perdeu área de vegetação do tamanho da França
Por que Popper ainda importa?
Hora de incluir Taiwan na ONU - Assembleia de 2025 é chance de corrigir desequilíbrio